Especialista destaca protagonismo feminino na família e pequeno reconhecimento.
Este ano entre os temas de redação do Exame Nacional do Ensino Médio o protagonismo feminino nas famílias. Com muitas responsabilidades e até uma tripla jornada de trabalho. Empreendendo, laborando e ainda cuidando do seio familiar. Sobre o tema ouvimos a advogada Juliana Drummond é especialista em direito das mulheres, ela é membro da OAB Mulher da Comissão Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual e Doméstica de Itabira e da Comissão Estadual de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar da OAB Minas Gerais.
“Mais de 4 milhões de pessoas sobre o trabalho de cuidado da mulher. E aí você pode ficar perguntando, que trabalho é esse? Trabalho de cuidado? Como assim? Mas aí vamos pros exemplos? Se a roupa está passada, se está limpa dentro do armário. Alguém fez esse trabalho. E na maioria das vezes é a mulher. Quem fez o almoço, a janta. Quem cuidou da tarefa do filho. Quem colocou o filho pra tomar banho. Quem comprou os remédios ali daqueles de urgência. Pro caso de dor de cabeça dor de garganta normalmente foi a mulher. Quem também comprou as roupas pro verão, pro inverno do filho, o calçado que ele estava precisando normalmente é a mulher. Esse é o trabalho de cuidado. Esse é um trabalho que muitas vezes não é visto e muito menos remunerado que a mulher se sobrecarrega e gasta o seu tempo que poderia estar usando.”
“Pra se qualificar, estudar, fazer um curso, ter que ganhar uma hora extra no trabalho. É descansar, reunir com fazer uma atividade física normalmente ela está gastando esse tempo cuidando de outras pessoas, cuidando do marido, do filho, da dos parentes, dos doentes, cuidando da casa e fazendo toda essa administração. E isso é remunerado. Apesar da gente saber que uma empregada doméstica tem direito a um salário, uma babá tem direito a um salário, uma motorista tem direito a um salário. Quando leva e traz a criança aí, o filho nas atividades, pra escola e tudo mais, quando você é mãe quando você está dentro da família esse trabalho não é visto e muito menos remunerado e aí a mulher vai perdendo essa remuneração esse tempo cuidando dos outros, mas não ganha, por exemplo, um tempo de aposentadoria, por cuidar da da casa e de todos os seus familiares.”
“O que na Argentina já é uma realidade. A mulher não ganha nada de remuneração, abdicando do seu em prol de outras pessoas. Na pensão alimentícia ela tem que pagar um valor correspondente e proporcional a despesa da criança. Mas não é contabilizado o tempo que ela gasta no cuidado com o filho. Quando ela faltar ao trabalho pra levar nas consultas, por exemplo. Quando ela é que tem que se desgastar para educar o filho, cuidar do filho doente, educar o filho numa questão, numa véspera de prova, por exemplo. Então, a gente precisa refletir. Por que? A mulher é que tem obrigação por que isso não pode ser dividido? Esse encargo é só da mulher. Como que a gente vai enfrentar? Que desafio é esse no enfrentamento a essa invisibilidade do cuidado da mulher? Passa aí pela educação. Passa aí pelo combate ao machismo. Que coloca que os homens não podem ou devem fazer trabalhos domésticos. Sendo que, né? Todos moram naquela casa. Todos querem a mesma coisa, né? Um bem-estar de todos ali. Então, a gente precisa sim pensar sobre o tema. E se você quer me mandar uma mensagem, comentar sobre esse assunto lá no Instagram e me manda uma mensagem. É no @julianadrummondadv.”
Reportagem Euclides Éder
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