Foto: Arquivo

Um estudo publicado na quinta-feira (4) na renomada revista científica “The Lancet” boas notícias na oncologia, especialmente no tratamento contra o câncer de mama. A pesquisa PHERGain mostrou que 94,8% das pacientes que usaram a terapia alvo com dois medicamentos permaneceram livres de câncer em três anos após a intervenção cirúrgica, independentemente de terem ou não recebido quimioterapia. Como achado mais impactante do estudo 96,4% de um pequeno grupo de 86 pacientes que não receberam qualquer quimioterapia estavam livres de câncer em três anos.

A análise foi feita apenas com casos de tumores em estágio inicial com a alteração molecular conhecida por superexpressão do HER2 (HER2 positivo), um tipo considerado agressivo e que representa cerca de 20% dos casos de câncer de mama. “Esses resultados são muito promissores porque uma parte desses pacientes não recebeu quimioterapia e, ainda assim, teve a mesma taxa de reincidência, baixíssima. Isso sugere que permite reduzir efeitos colaterais e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, sem perda de eficácia”, explica Max Mano, oncologista da Oncoclínicas.

O estudo clínico de fase II envolveu pesquisadores de 45 centros em sete países europeus e incluiu um total de 356 pacientes e foi realizado pela Medsir, líder na pesquisa clínica independente em oncologia a nível internacional. Embora os resultados tenham animado os especialistas da área, o médico ressalta que os avanços vêm para contribuir com a melhoria do tratamento, mas que a quimioterapia ainda é importante no tratamento desse tipo de câncer de mama, e o estudo precisa ser ampliado para um maior número de pessoas antes de ser amplamente adotada.

É importante acompanhar as pacientes do estudo por mais tempo, aponta o médico. “Temos de ter cautela e ficar atentos aos limites desses resultados, mas ele nos deixa otimista para o futuro. A oncologia vem caminhando para o desenvolvimento não só de medicamentos para a cura, mas também transformadores para a jornada de quem recebeu o diagnóstico, no sentido de melhoria da qualidade de vida. Inovações com terapias alvo, imunoterapia e genética vêm moldando esse cenário”, complementa Max Mano, líder nacional da especialidade do câncer de mama.

O objetivo principal deste ensaio foi avaliar a viabilidade de uma estratégia terapêutica adaptativa baseada inicialmente em um tratamento exclusivo com bloqueio duplo de HER2 usando trastuzumabe e pertuzumabe no contexto pré-cirúrgico, e avaliando a adição posterior de quimioterapia com base na resposta precoce observada por PET-TC (um exame radiológico) e na resposta patológica completa (exame da peça cirúrgica ao microscópio), ou seja, reservando o emprego de quimioterapia somente para casos de estrita necessidade. Oito de abril é data Mundial do Combate ao Câncer.

O ensaio foi liderado pela Medsir pelos pesquisadores: Javier Cortés, Antonio Llombart-Cussac e José Pérez. “Os resultados deste estudo nos aproximam cada vez mais do fim da quimioterapia em uma porcentagem significativa de pacientes com esse tipo de tumor”, diz o Javier Cortés. A doença figura entre os mais incidentes no Brasil, representando 10,5% das pessoas diagnosticadas com tumores malignos. Para este ano, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê 704 mil novos casos, e 74 mil de mama, o que o torna líder do ranking dos que mais afetam a população feminina.

Reportagem: Euclides Éder

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