Dr. Milton Henriques. Foto: Igor Reis/FSFX

Em 29 de setembro, foi celebrado o Dia Mundial do Coração. O cardiologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Dr. Milton Henriques Guimarães Júnior, explica as mudanças recentes nas diretrizes sobre a classificação da hipertensão arterial e alerta para os cuidados que devem ser adotados desde cedo para preservar a saúde cardiovascular. A enfermidade é um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, atingindo mais de 38 milhões de pessoas, ou seja, cerca de um em cada quatro adultos.

A doença, muitas vezes silenciosa, está diretamente ligada ao aumento do risco de infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC), e insuficiência renal, dentre outras doenças graves. Segundo o Ministério da Saúde (MS), a hipertensão responde por parcela significativa das internações e mortes, sendo responsável por aproximadamente 27% dos casos de morte súbita. Apesar de ser uma condição crônica, pode ser prevenida e controlada com hábitos saudáveis, acompanhamento médico e medicação.

Novos estudos mostraram que níveis de pressão arterial mais baixos do que o tradicional “doze por oito” estão associados a menor risco de eventos cardiovasculares. “A ideia foi trazer um patamar que realmente se associa a menos complicações. Por isso, valores de pressão sistólica entre 120 e 139 mmHg e de diastólica entre 80 e 89 mmHg passaram a ser chamados de pré-hipertensão. Essa atualização segue recomendações já adotadas em países como Estados Unidos e na Europa”, explica o médico.

De acordo com o cardiologista da FSFX, o início do tratamento medicamentoso continua sendo indicado apenas para os casos em que a pressão atinge valores iguais ou superiores a 14 por 9 em mais de uma ocasião, ou em situações de risco cardiovascular elevado. “Isso não significa que quem tem 12,5 por 8,5 precisa começar a tomar remédio. O objetivo é conscientizar sobre o estilo de vida e estimular hábitos mais saudáveis. A hipertensão tem impacto devastador em diferentes órgãos,” afirma o profissional de medicina.

“Ela danifica os vasos sanguíneos, aumenta o risco de AVC, de infarto, de insuficiência cardíaca, de aneurisma de aorta e é uma das principais causas de diálise por afetar os rins. Essas pessoas precisam estar conscientes sobre a adoção de estilo de vida saudável e acompanhar a pressão pelo menos uma vez ao ano”, alerta o cardiologista. Ainda conforme o depoimento do Dr. Milton Henriques reforça-se que não há perigo imediato para quem mantém a pressão em doze por oito, mas é essencial ter atenção.

Com a acessibilidade ao monitoramento de saúde, o especialista traz dicas de como escolher o aparelho correto e como fazer a aferição da pressão arterial. “O aparelho de braço digital, se validado pelo Inmetro, é o mais confiável para medir a pressão em casa, ao contrário do de punho, que é menos preciso. A aferição deve ser feita em ambiente tranquilo, com a pessoa sentada, pés apoiados no chão, braço na altura do coração e tendo evitado o cigarro ou a atividade física intensa nos 30 minutos anteriores”, finaliza o cardiologista da FSFX.

Reportagem: Euclides Éder

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