Fonte: Ascom/Saae

O projeto Biossólido desenvolvido pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) foi tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de alunas do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). O estudo, desenvolvido pelas discentes: Ana Elisa Carvalho Silva Santos e Maria Eduarda Ribeiro, com o tema a “avaliação do uso do biossólido de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) na produção de girassol anão, alternativa para a recuperação de recursos no saneamento”.

O estudo utilizou o lodo produzido e desidratado na ETE Laboreaux, e beneficiado na Unidade de Gerenciamento de Lodo (UGL), unidade localizada na Fazenda São Lourenço. Após a higienização do material, por meio de adição de cal, processo chamado de estabilização alcalina ou caleação, o lodo é transformado em um produto de valor agregado denominado biossólido. O trabalho desenvolvido teve como objetivo avaliar o uso de biossólido como fertilizante no cultivo de girassol como uma alternativa para a recuperação do lodo gerado na ETE.

Ana Elisa Carvalho Silva Santos e Maria Eduarda Ribeiro. Fonte: Ascom/Saae

Os resultados indicam que o biossólido é seguro e benéfico para a agricultura, especialmente no cultivo de girassóis e atendeu aos parâmetros e critérios estabelecidos em resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Em relação à análise química, o material possui concentrações adequadas de macronutrientes, como nitrogênio e fósforo, essenciais para o crescimento das plantas e apresentou índices inferiores aos limites estipulados para substâncias químicas inorgânicas, eliminando o risco de toxicidade ao solo.

Quanto ao risco bacteriológico (microrganismos que representam sério risco para o homem e para os animais), o lote de biossólido analisado apresentou níveis seguros de bactérias e parasitas (escherichia coli e ovos de helmintos), devido à inativação das células promovida pelo tratamento de estabilização alcalina. Nos testes de plantio em mudas de girassol anão, o uso de biossólido promoveu o crescimento saudável das plantas, por meio da avaliação do número máximo de folhas e altura, viabilizando o uso.

Fonte: Ascom/Saae

O trabalho foi orientado pelos professores Glaucio Marcelino Marques (Unifei) e Eduardo de Aguiar do Couto (Universidade Federal de Lavras/UFLA). As alunas desenvolveram a pesquisa em parceria com servidores do Saae à frente do projeto, e viabilizado por meio de uma parceria estratégica com o Centro de Referência em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto, Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (SMAA), Sindicato Rural e a Unifei Itabira, com atividades iniciadas em março de 2023.

Para as alunas, o estudo propiciou a aplicação de conceitos teóricos e de técnicas na análise de situações reais na sociedade, demonstrando o papel da engenharia na solução de problemas. “A pesquisa e participação no projeto Biossólido Itabira buscou proporcionar uma alternativa prática e ambientalmente responsável para o manejo de resíduos e a promoção da agricultura sustentável, além de contribuir na aplicação de práticas mais eficientes no setor de saneamento e na agricultura”, diz Ana Elisa.  O TCC foi apresentado na quinta-feira (4).

Fonte: Ascom/Saae

Para Maria Eduarda, o trabalho tem a dimensão de dar visibilidade a uma solução para o gerenciamento adequado de resíduos de Estação que recebe e trata os resíduos sólidos dispensados pela população da cidade, descartados em aterros, contribuindo para um meio ambiente mais sustentável. “Espero que este estudo tenha contribuído para o Projeto Biossólido Itabira e que possa servir como base para futuros estudos e como exemplo para outras cidades e ETEs”, disse a discente da Unifei.

O trabalho contou com a avaliação do professor Edison Laurindo e do técnico Athos Lopes Silva, ambos da Unifei, e o supervisor de Serviços e Tratamento de Água do Saae, Gabriel Almeida. “O estudo ressalta a necessidade de repensarmos as rotas do lodo e a importância do biossólido, sabendo-se de suas potencialidades. A divulgação técnico-científica é um dos objetivos do projeto Biossólido Itabira e a parceira da Unifei nesse processo reforça a importância dos eixos de pesquisa e extensão”, disse o servidor do Saae.

Reportagem: Euclides Éder

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