FSFX: especialistas de UTI Neonatal mostram como enfrentar a prematuridade
Neste domingo (17) celebra-se o Dia Mundial da Prematuridade, data de conscientização sobre a importância do apoio e da assistência as famílias e a esses bebês, nascidos antes de 37 semanas. Por ano cerca de 340 mil bebês nascem prematuros no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), e no mundo são mais de 13 milhões, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O nascimento antecipado exige que os recém-nascidos completem seu desenvolvimento fora do corpo da gestante, contando com assistência tecnológica e especializada para ajudar na maturação dos órgãos, pós-útero. O médico pediatra da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e Pediátrica do Hospital Márcio Cunha (HMC) administrado pela Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Dr. Marcus Vinícius, explica que a prematuridade deve ser monitorada.
“A data é para chamar a atenção para o prematuro e suas necessidades. O melhor cuidado para o prematuro é evitar a prematuridade. Por isso, essa data reforça a necessidade de uma assistência especializada e das medidas de controle, como o pré-natal e o tratamento de patologias maternas, como hipertensão e infecções, que são fundamentais para reduzir o risco de um nascimento prematuro. Temos uma equipe capacitada para cuidar não só do bebê, mas também da família. A prematuridade gera um impacto emocional grande nos familiares. Os pais, muitas vezes, chegam assustados, ansiosos, e precisam do apoio psicológico para passar segurança ao bebê. O leite materno é a principal ferramenta para essa adaptação do feto fora do útero e para seu crescimento de forma mais próxima do que seria dentro do útero”, explica o médico da FSFX.
Além do aleitamento materno, o pediatra destaca o papel da equipe multidisciplinar em educar, ajudar e apoiar as famílias de bebês prematuros, contribuindo para os cuidados após a alta. “Nossa equipe envolve a família tanto no tratamento quanto na evolução do quadro desse prematuro. Depois, preparamos esses pais para cuidar do bebê em casa. Após a alta da UTI, o acompanhamento segue por meio de consultas ambulatoriais”, pontua Dr. Marcus Vinícius. “Visitas dos avós, registros fotográficos dos momentos especiais e até celebrações religiosas, como celebrar batizados, são algumas das iniciativas que buscam levar leveza a um ambiente naturalmente desafiador. Nossa intenção é trazer um pouco de alegria e conforto para as famílias que, de repente, se veem em uma situação inesperada”, explica a psicóloga da UTI Neonatal, Maiara Fagundes.
Michele Vasconcelos, técnica de enfermagem na UTI Neonatal do HMC/FSFX, viveu essa realidade tanto como profissional quanto como mãe. Mãe do pequeno Miguel, hoje com 11 anos, ela se lembra de cada detalhe daquela fase que lhe trouxe muito mais do que lições profissionais. Miguel chegou ao mundo prematuramente, com apenas 26 semanas de gestação e pesando 625 gramas. Enfrentando os próprios desafios de uma mãe de UTI, Michele recorda o quão difícil foi aceitar a situação. “Foi muito difícil. Um dia eu estava cuidando dos bebês e, no outro, era meu filho que estava ali sendo cuidado”, relata. Durante os 70 dias de internação, Miguel lutou pela vida com o apoio de uma equipe preparada e da fé de sua mãe. Sem sequelas, ele é uma prova de que o cuidado humanizado e a assistência de ponta podem transformar em história de superação.
Para Michele, o retorno ao trabalho trouxe uma nova missão: ser a voz de conforto de outras mães. “As mãezinhas se agarravam em mim, me perguntavam como eu reagia. Senti que fui uma força para elas. Com fé em Deus e o apoio certo, a gente vence”. Em cada leito, há uma nova história de superação e um pequeno guerreiro lutando para escrever o próximo capítulo de sua vida. Com 20 leitos, sendo 15 para bebês recém-nascidos e cinco para atendimento pediátrico, a UTI Neonatal e Pediátrica do Hospital Márcio Cunha é referência para mais de 800 mil habitantes de 35 municípios do Leste de Minas Gerais. Nos últimos dez anos, o índice de sobrevivência de pacientes com peso entre 1kg e 1,5 kg alcançou 96%, resultado que comprova que a estrutura aliada a tecnologia e carinho nos cuidados intensivos faz a diferença.
Reportagem: Euclides Éder