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Conhecida como “fígado gorduroso”, a esteatose hepática está entre as doenças mais frequentes na atualidade, mas ainda pouco compreendidas pela população. Um levantamento publicado na revista Hepatology mostra que a prevalência global da forma não alcoólica cresceu de 25% (1990–2006) para cerca de 38% (2016–2019), sinalizando um avanço consistente ao longo das últimas décadas. Revisões mais recentes classificam o cenário como uma epidemia silenciosa. O sedentarismo e a má alimentação impactam diretamente a incidência.

“Muitas pessoas acreditam que apenas quem bebe muito corre o risco de ter gordura no fígado, mas não é verdade. O estilo de vida sedentário e a má alimentação são causas cada vez mais comuns e podem afetar pessoas de qualquer idade”, explica a endocrinologista Natalia Cinquini. Quando a presença de gordura ultrapassa 5% da composição hepática, aumentam os riscos de complicações. Sem controle, a condição pode evoluir para inflamação do fígado (esteato-hepatite), fibrose, cirrose e, em casos extremos, câncer hepático.

Estudos mostram que indivíduos com esteatose têm mortalidade quase 1,85 vezes maior do que pessoas sem o quadro, ou seja, quase o dobro de risco de morte, inclusive por doenças cardiovasculares e cânceres não hepáticos. Isso mostra que o impacto vai além do fígado, afetando todo o organismo, mas, apesar disso, a doença segue pouco compreendida. Pesquisa Datafolha revela que 62% dos brasileiros se dizem preocupados com a gordura no fígado. A doença aumenta também o risco de complicações em outros órgãos.

Cerca de 60% afirmam não saber qual exame detecta a condição. O grande desafio da esteatose hepática é o caráter silencioso nos estágios iniciais. Quando os sinais surgem, costumam incluir cansaço persistente, fraqueza, perda de apetite, aumento do volume abdominal e inchaço. O diagnóstico combina histórico clínico, exames laboratoriais e de imagem. Testes de sangue podem indicar alterações no funcionamento do fígado. A ultrassonografia abdominal pode confirmar a presença de gordura.

os médicos podem solicitar elastografia ou biópsia hepática para avaliar o grau de comprometimento do órgão. “Essas ferramentas permitem identificar precocemente a doença, mesmo quando não há sintomas, aumentando as chances de controlar ou reverter o quadro antes que surjam complicações graves”, reforça a especialista. Até o momento, não há medicamento específico aprovado para tratar a esteatose hepática. O manejo mais eficaz é a mudança de hábitos de vida, que protege o fígado e traz benefícios a todo o organismo.

Reportagem: Euclides Éder

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