ATI/FIP celebra visita de deputadas à Itabira, nas Comunidades Atingidas do Sistema Pontal
Crédito: Comunicação/ATI-FIP
A Assessoria Técnica Independente da Fundação Israel Pinheiro (ATI/FIP) e a Comissão de Atingidos do Sistema Pontal celebraram a visita da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), segunda-feira (15). Duas deputadas da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da ALMG visitaram três comunidades atingidas pela mineração, que vivem no entorno do Sistema Pontal. A iniciativa partiu das parlamentares Beatriz Cerqueira e Bella Gonçalves.
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A ATI/FIP e a Comissão de Atingidos do Sistema Pontal foram convidadas pela Comissão de Meio Ambiente da ALMG a integrar a comitiva que visitou o quilombo Capoeirão, os bairros Bela Vista e Nova Vista, e a vila Amélia. Também fizeram parte da comitiva autoridades locais, secretários municipais, representantes da mineradora Vale e a Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM). A visita técnica é encaminhamento fruto de audiência pública realizada na ALMG, em maio de 2025.
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À época, a população atingida pelas obras de descaracterização reclamou que não era ouvida pela Vale, e cobrou o cumprimento de decisão judicial para a reparação de danos causados pela mineradora, bem como a remoção de famílias que moram em casas ameaçadas de colapso. As deputadas foram recebidas pelos moradores do quilombo Capoeirão, no começo da manhã, onde ouviram depoimentos relacionados aos processos de captação de água da Vale, para uso no complexo minerário Conceição.
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Em seguida, a comitiva foi até a vila Amélia, onde ficou a par do projeto de expansão das cavas do mesmo complexo e como ele vai atingir a população local. No período da tarde, a visita chegou ao bairro Bela Vista, onde a deputada Bella Gonçalves pode conhecer o posto de atendimento à comunidade, gerido pela Vale. Lá, os representantes da Comissão de Atingidos apresentaram os danos à saúde e à moradia causada pelas obras da mineradora. A deputada também realizou diversos questionamentos.
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O tema mais recorrente foi em torno das intervenções relacionadas à descaracterização. Bella Gonçalves procurou entender as etapas das obras. Em seguida, ela foi até o território ouvir a comunidade atingida, e na casa de moradores, que relataram sofrer problemas estruturais nas residências, decorrentes das obras, acompanhada pela equipe técnica da ALMG e representante da mineradora, em visita na residência para constatar a gravidade das patologias identificadas pela ATI/FIP.
Crédito: Comunicação/ATI-FIP
“Além de ruído, vibração e poeira, também acompanhamos as questões que envolvem a evolução das trincas e rachaduras identificadas nas casas. Conseguimos fazer um trabalho de levantamento de danos que ensejou um pedido de remoção provisória das famílias que moram em casas com risco de colapso”, detalhou Lilian Santos, coordenadora da ATI/FIP. Na sequência, Bella Gonçalves se reuniu com dezenas de moradores na praça do bairro Bela Vista, que relataram os problemas enfrentados no cotidiano.
Foto: Aline Ferreira
Eles contaram como era o bairro antes da barragem de rejeito, como ele foi se transformando ao longo dos novos alteamentos, medo constante de possível rompimento, série de problemas de saúde causados pelos impactos das obras, e adoecimento emocional da população. Ao perguntar se as comunidades atingidas gostariam de permanecer no território, Bella Gonçalves recebeu a resposta unânime: o desejo é de remoção. Ela fez novos questionamentos aos representantes da Vale e da FEAM.
Foto: Aline Ferreira
O foco da parlamentar é exigir o cumprimento de licenças ambientais, Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e a relação com a comunidade. A visita técnica da ALMG se encerrou no bairro Nova Vista, onde Bella Gonçalves se encontrou com os moradores para ouvir relatos sobre os problemas com o esgoto ao ar livre, que se arrasta há quase 30 anos. Além disso, a comunidade também relembrou a formação da comunidade a partir da retirada dos moradores da região da “Camarinha”. Relembre a matéria, clicando aqui.
Crédito: Comunicação/ATI-FIP
Ainda se abordou a perda de direitos relacionados aos seus modos de vida, busca por reconhecimento enquanto comunidade rururbana (assentamento em zona de transição), existência de comunidades tradicionais no território e, sobretudo, o anseio por reparação e remoção no menor prazo possível. A deputada estadual comunicou que uma série de encaminhamentos foi retirada desta visita técnica, ocorrida em Itabira, e o resultado da coleta de dados será divulgado posteriormente pela Comissão de Meio Ambiente.
Reportagem: Euclides Éder