No Flitabira, jornalista Miriam Leitão recebe troféu Juca Pato de Intelectual da Ano
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Personalidades prestaram homenagens à escritora
Um dos grandes momentos da 4a edição do Festival Literário Internacional de Itabira “Flitabira” foi à entrega do troféu Juca Pato de Intelectual do Ano à jornalista e escritora Miriam Leitão, acorrido no sábado (2). O prêmio foi entregue por Conceição Evaristo, agraciada com a premiação no ano passado, e pelo presidente da União Brasileira dos Escritores (UBE), Ricardo Ramos Filho. A comenda é homenagem a personalidades destaque em qualquer área de conhecimento, com uma obra literária publicada, no ano anterior. Além disso, o vencedor deve contribuir para o desenvolvimento e prestígio do país na defesa dos valores democráticos e republicanos.
A noite do evento foi aberta por Ricardo Ramos Filho e integrantes da diretoria da UBE. “Nossa gestão busca reconhecer um erro histórico: poucas mulheres foram premiadas. Viva a UBE, viva o Flitabira, viva a Conceição Evaristo e viva a Miriam Leitão. O Troféu Juca Pato aponta o caminho para o Brasil, para a ação dos intelectuais. Com um significado de ação que transforma o mundo, que torna o mundo melhor do que ele é. Miriam Leitão escreve uma trajetória, ao longo da sua biografia, grandiosa, brilhante em muitos sentidos”, frisou. Ricardo convidou o escritor Eugênio Bucci ao palco para homenagem à Miriam Leitão.
“E jovem ela resistiu à ditadura de maneira dramática, ela venceu a ditadura. Miriam Leitão, por tudo o que fez e faz, representa a mim, representa todos os jornalistas brasileiros com brilho total. Quem está recebendo esse prêmio sou eu, quem está recebendo esse prêmio são todos os jornalistas do Brasil,” acrescenta Ricardo Ramos Filho. “Eu vou dar o lead: A Miriam Leitão é a maior jornalista do Brasil. Juca Pato está indo para mãos muito precisas, muito corretas, muito certeiras ao ser entregue à Miriam Leitão, como também esteve ao ser entregue, no ano passado, à Conceição Evaristo,” disse a jornalista Flávia Oliveira.
“Nós mulheres, brancas, negras, indígenas, temos muito a ensinar à intelectualidade brasileira. Eu tenho muita honra e muito orgulho, imensa emoção de saber que Miriam Leitão é minha amiga. Imensa referência e minha amiga,” acrescentou a jornalista. “Várias coisas me vieram à cabeça. Inclusive, pensando na sua luta na ditadura. E isso pra gente é uma lição de que a liberdade, a democracia vai se construindo aos poucos. Também não posso deixar de relembrar o quão significativo foi para a comunidade negra você ser a primeira pessoa pública a escrever sobre a validade das cotas,” avalia Conceição Evaristo.
“Conta lá em Caratinga, terra natal, e me sinto vivendo uma chuva de honras, que aquela menina que vivia agarrada nos livro. Ela realizou os seus sonhos”. A homenageada deste ano também celebrou a vida e a obra de Conceição Evaristo. “Você é uma escritora maravilhosa, então é muita honra receber esse prêmio das suas mãos”. Miriam Leitão prosseguiu. “Eu fiquei, nesta data, conversando comigo mesma, com a menina que eu fui. Pensando nas pessoas e em todos os livros que me trouxeram até aqui. Eu cheguei até aqui carregada por pessoas, livros e afetos. Isso me trouxe até aqui,” afirmou emocionada a homenageada.
“Eu amo os livros. Eu sempre amei. Então, eu lia muito. Eu não podia ler nada. Essa era a segunda parte da tortura. Então eu fechava os olhos. Eu pensava em Drummond, eu pensava em Graciliano Ramos. Eu lembrava de todos eles. Eu pensava em Diadorim e Riobaldo. Eu pensava em cada um dos livros que tinha lido. E isso me fazia muito forte”. Na conclusão de um discurso emocionante, Miriam declarou: “Hoje eu vivi um dia glorioso. Eu sou muito feliz. Agradeço a todos vocês que estão aqui. Eu queria dedicar esse prêmio à Elizabeth Leitão. Eu dedico esse prêmio a minha amada irmã Beth,” finalizou a jornalista e escritora.
Reportagem: Euclides Éder