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Deputada Bell Gonçalves. Foto: Aline Ferreira

Nesta segunda-feira (15), cerca de 25 moradores do bairro Bela Vista se reuniram na praça localizada no entroncamento das ruas José Marinho Fernandes e João Júlio de Oliveira Jota, para se manifestar, questionando critérios da mineradora Vale sobre indenização pela retirada de famílias em áreas impactadas pelo descomissionamento do sistema Pontal. Alguns foram retirados, como por exemplo, poucos moradores da rua Cônego Guilhermino Pereira, outros não foram por ora atendidos pela Vale. Houve também perguntas relacionadas ao esgoto em céu aberto próximo ao bairro vizinho, o Nova Vista. Representantes da empresa disseram inexistir o problema e foram questionados.

Foto: Aline Ferreira

A mobilização aproveitou a visita da deputada estadual Bella Gonçalves da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG), Antes, a deputada Beatriz Cerqueira também esteve em Itabira, ouvindo moradores da vila Amélia, comunidade impactada pelas obras de extensão da Mina Conceição. A noite, ela teve que se ausentar por agenda prévia. Cerca de 40 famílias da comunidade quilombola Capoeirão questionaram a falta d’água, segundo eles, provocada pela atividade minerária, Antes, os quilombolas eram atendidos por nascentes ou mananciais, que desapareceram depois do rebaixamento no lençol freático.

Foto: Aline Ferreira

“As deputadas que fizeram o requerimento na ALMG pela vista, escutam as pessoas que vivem próximas às obras de descomissionamento do sistema Pontal, da mineradora Vale. Moradores dos bairros: Nova Vista e Bela Vista, reclamaram que não estão sendo ouvidos pela mineradora e cobraram o cumprimento de decisão judicial para a reparação de danos, incluindo a remoção de famílias que estariam em casas ameaçadas de desabamento. A população também reivindica a continuidade da Assessoria Técnica Independente da Fundação Israel Pinheiro (ATI/FIP) e a designação de perícia técnica pela Justiça para mapeamento de danos,” cita publicação da TV Assembleia no dia dos questionamentos.

Vale justificou aos moradores. Foto: Aline Ferreira

“A Vale não age, nos enrola e demora em indenizar, pelos danos causados e para podermos mudar de casa e procurar um lugar onde tenha menos poeira e sem rachaduras que surgiram em nossas casas depois que essas máquinas estão trabalhando bem perto de onde moramos. Exigimos uma providência,” disse a líder comunitária e moradora do bairro Bela Vista há mais de 50 anos, Maria Aparecida Coelho. Os representantes da mineradora concederam entrevista à TV Assembleia (clique aqui e assista), apresentando a justificativa da empresa, quanto aos questionamentos dos impactados e das deputadas: Beatriz Cerqueira e Bella Gonçalves, assim como os residentes no Capoeirão e na vila Amélia.

Foto: Aline Ferreira

“Eu mantenho sempre três baldes tampadinhos, no caso de água faltar em minha caixa”, disse Celma Santos. “Tenho a sensação de medo e de não saber como vai ficar a comunidade daqui a alguns anos. E em que vai interferir na nossa vida?”, aponta Hudson Anunciação, ambos da comunidade quilombola do Capoeirão. “Tem rachadura toda a hora que chove, e molha tudo também,” afirma Maria de Fátima Teixeira. “Começa vir a chuva, aí temos que sair daqui para outro lugar,” lamenta Célio Gonçalves, casal que reside no Bela Vista. “Perguntamos a dois funcionários como será o projeto? Eles, na parede, tentaram desenhar. Trataram-nos como crianças,” manifestou Silvia Batista, da vila Amélia.

Foto: Aline Ferreira

No Bela Vista, dois colaboradores da Vale foram entrevistados pela TV Assembleia. “Desde antes do início das obras, foram realizados laudos cautelares naquelas casas das famílias que sinalizaram sobre alguma eventual patologia. O que a gente entende e percebeu é que essas patologias eram anteriores ao início das obras,” justifica Marcelo Cabral, gerente de sustentabilidade. “A Vale, desde o acidente de 2019, vem buscando novas tecnologias. Então, a gente vem filtrando o rejeito e levando isso para outras áreas, nas pilhas de estéreo que temos no município,” aponta Marcel Pacheco, gerente de instalação de projetos da mineradora.

Foto: Aline Ferreira

As deputadas rebateram a empresa. “Itabira é o exemplo de como a mineração prolongada pode afetar uma população. Aqui já não tem água para beber, e a qualidade do ar é péssima. A dignidade para a população deve ser devolvida, depois de roubada em mais de oito décadas de mineração,” declarou Bella Gonçalves. “O empreendimento vem com termos técnicos e burocracia, com grupos de advogados, com estrutura para diminuir o direito da comunidade,” acrescenta Beatriz Cerqueira. “Toda a cidade vai ser impactada com essas obras, com poeira, falta d’água, e o trânsito de equipamentos pesados,” finaliza Leonardo Ferreira, do Comitê dos Atingidos pela Mineração em Itabira e Região.

Reportagem: Euclides Éder

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