Escritora mostra papel do negro na sociedade com o reconhecimento de méritos.
A escritora mineira Conceição Evaristo celebrou a visita à Itabira, inclusive conhecendo comunidades quilombolas. É um dos momentos mais aguardados do mais recente festival literário. No início do mês de novembro a entrega do troféu Juca Pato à intelectual recebeu a comenda das mãos do presidente da União Brasileira dos Escritores, Ricardo Ramos Filho. A homenageada destacou a importância deste reconhecimento.

“Eu acho que estar na aqui em Itabira recebendo o prêmio Juca Pato além de ser um momento muito simbólico, eu acho que pra mim é um momento também de retornar a Minas, então retornar a Minas é sempre um é fazer paz, eu venho dizendo que o tempo todo eu venho fazendo pazes com Minas e mais do que isso também, é numa terra, onde tem um grande expoente um dos maiores escritores, os maiores poetas da língua portuguesa. O fato de uma mulher negra ser reconhecida a partir de um texto literário, a partir do seu texto literário é mostrar que a literatura no Brasil ela é de diversificada como é povo brasileiro. É um reconhecimento que nós negros também estamos nesse nesse patamar. Que nós também temos essa possibilidade de criar uma uma obra poética, de pensar o Brasil, de trazer as nossas epistemes negras junto a Carlos Drummond que tem uma outra experiência que teve um lugar de criação totalmente diferenciado de nós. É uma experiência que cada vez mais também nos dá a certeza de dizer e o direito de dizer que esse Brasil é nosso. Eu acho que no solo de Itabira, reencontrar as comunidades quilombolas, saber que mais da metade da população de Itabira é também uma população negra, então é certeza de que já é mais uma vez ter a certeza de pisar que esse só é nosso e que inclusive qualquer política pública que for feito em nome de uma justiça pelo que os africanos e seus descendentes construíram nessa nação é algo de direito, nada que nos é oferecido é favor. Então pisar em Itabira é pisar num solo que é meu também.”
Conceição Evaristo também disse que o respeito ao negro melhorou mas o caminho ainda é longo a ser percorrido.
“Eu acho que nós criamos, nós buscamos esse respeito. Eu acho que tudo a luta dos sujeitos negros independente de estar no movimento negro ou não, eu acho que nós vamos aos longo do tempo construindo esse respeito mas não é algo fácil não. Gente eu acho que o Brasil ele é desrespeito com os pobres, com os negros, com os indígenas, com os gays, com os velhos. Então, eu acho que são processos que nós vamos construindo socialmente, mas ainda falta muita coisa pra nós negros sermos respeitados em nossas dignidades.
Reportagem: Euclides Éder
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