Dra. Juliana Vasconcellos. Crédito: FSFX

Com os novos objetivos de início de ano, muitas pessoas se veem motivadas a correr atrás de metas que ficaram para trás, e isso inclui a busca por um corpo mais saudável e definido. O aumento na procura por academias é evidente nesse período, mas, junto com a empolgação, surge uma prática perigosa: o uso de suplementos alimentares sem orientação profissional. Apesar de amplamente disponíveis e populares, esses produtos, quando utilizados de maneira inadequada, podem representar sérios riscos à saúde.

A nutróloga, médica da família e comunidade da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Dra. Juliana Vasconcellos, explica que, embora os suplementos possam ser aliados em determinadas situações, seu consumo indiscriminado, sem a devida avaliação, pode levar a problemas graves. “Muitos acreditam que os suplementos são inofensivos e sempre benéficos, mas esquecem de que o excesso ou o uso equivocado pode causar doenças e prejuízos financeiros sem trazer resultados reais”, destaca.

A profissional destaca que a superdosagem de vitaminas, especialmente as lipossolúveis (A, D, E e K) que acumulam no organismo, podem provocar toxicidade. “Um caso comum é o excesso de vitamina D, que leva à hipercalcemia, causando sintomas como náuseas, vômitos, fraqueza e até problemas renais. O uso exagerado de suplementos proteicos e de creatina pode sobrecarregar os rins, especialmente em pessoas predispostas a doenças renais, aumentando o risco de insuficiência renal”, alerta.

Segundo a profissional, os suplementos podem interferir no efeito de medicamentos, potencializando ou diminuindo sua ação, e até mesmo tornando-os ineficazes, o que pode ter consequências graves para o tratamento de diversas condições de saúde. Ela também destaca que muitos desses produtos podem causar desconfortos gastrointestinais, como náuseas, dores abdominais e constipação, quando consumidos em excesso, sem necessidade ou indicação clínica.

Há ainda a questão dos suplementos à base de ervas ou anabolizantes, que podem causar danos ao fígado, resultando em inflamações ou lesões graves, como as hepatites. De acordo com a nutróloga, o consumo de nutrientes isolados sem indicação também pode criar desbalanços nutricionais, interferindo na absorção de outros nutrientes essenciais e comprometendo o equilíbrio do organismo, considerando outro risco frequentemente ignorado pelas pessoas que se automedicam.

“Antes de iniciar a suplementação é preciso levar em conta o histórico de saúde, os hábitos alimentares, a prática de exercícios físicos e exames laboratoriais. O acompanhamento minucioso permite identificar deficiências nutricionais ou condições específicas que justifiquem o uso de suplementos. É fundamental optar por produtos regulamentados pela Anvisa e de marcas confiáveis, garantindo que sua composição e dosagem estejam alinhadas às necessidades de cada pessoa”, enfatiza Dra. Juliana Vasconcellos.

A médica complementa que o uso desnecessário de suplementos é motivo de preocupação. “As pessoas investem em produtos acreditando que são indispensáveis para alcançar seus objetivos, mas acabam apenas desperdiçando dinheiro. O organismo humano é inteligente e dá sinais quando algo está errado, como desconfortos, mal-estar e reações alérgicas. É importante enxergar a suplementação como parte de um planejamento nutricional integrado, e não como um atalho para resultados rápidos”, explica a médica.

A profissional da FSFX explica que embora existam casos em que os suplementos são necessários, como em pacientes com restrições alimentares ou deficiências nutricionais comprovadas, essas situações devem ser cuidadosamente analisadas por um profissional capacitado. “O objetivo, nesses casos, é melhorar o desempenho físico, a recuperação muscular ou corrigir desequilíbrios específicos, sempre com segurança e embasamento científico”, relata.

Por isso, Dra. Juliana reforça que é fundamental lembrar que saúde e bem-estar são construídos com equilíbrio e paciência. “O uso de suplementos pode ser um aliado, mas nunca deve substituir uma dieta equilibrada, a prática regular de exercícios e o acompanhamento médico. No caminho para alcançar metas pessoais, especialmente em relação à boa forma, é essencial priorizar escolhas conscientes, que respeitem o funcionamento natural do corpo e garantam resultados sustentáveis em longo prazo”, pontua a nutróloga.

Reportagem: Euclides Éder

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